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Pacientes descrevem e se dividem sobre atendimento na Santa Casa

Falta de equipamento de ultrassom leva doente a pagar pelo processamento em clínica particular

O Jornal Itatiba Hoje esteve no Pronto Atendimento da Santa Casa de Misericórdia na manhã da última quarta-feira, 25, para verificar a situação do atendimento. É apenas um recorte do quadro geral verificado em meio às tensões entre a Câmara Municipal e o provedor da Santa Casa, Emerson Netto, que tem sido cobrado a dar explicações sobre o atendimento e o gerenciamento da instituição que é de fundamental importância para a saúde da população da cidade.

A procura por atendimento podia ser considerada tranquila. Nove pessoas aguardavam ser chamadas ou para fazer a ficha ou para ter acesso ao atendimento médico.

Saindo do atendimento, Elaine Martins de Oliveira Prudêncio, 61 anos, chegou à unidade às 9h46 conforme registrado na etiqueta presa à blusa. Disse ter procurado ajuda médica por conta de tontura e falta de ar. Passou pelo clínico geral e estava satisfeita. Ela chegou sozinha ao hospital e o serviço de assistência social entrou em contato com a filha dela para que fosse buscá-la. A Jaqueline, 33, saiu do trabalho para atender o chamado. “A minha mãe faz isso com certa frequência. Já é conhecida por aqui. O caso foi resolvido em menos de uma hora”, comenta resignada.

Na entrada da recepção, outro candidato a atendimento disse ter chegado às 9h e a queixa era uma forte dor no estômago. Preferindo o anonimato e sem identificar a origem da informação, disse que havia dois médicos no atendimento. Enquanto conversava o painel anunciou que era a vez dele, duas horas e meia após a chegada.

Foto: Cid Barboza

Denúncia séria

Sentada no canto da última fileira de bancos estava a dona Luiza Lourenço Santana. Ela acompanhava o marido Elias Santana, 70, que passou mal e apresentava alto grau de fraqueza, a ponto de não poder caminhar. A dona Luiza disse ter procurado ajuda para conseguir uma ambulância do SAMU no “Postinho do bairro Pinhal”, na verdade, a UBS Kátia Kibbi Pomar, na Alameda das Goiabeiras, Jardim São Jorge, à margem da Rodovia Engenheiro Constâncio Cintra, no sentido para Itatiba. No entanto, ela denuncia que com a demora informou a patroa do marido sobre a situação, e que esta, ao consultar o pedido, descobriu que o serviço não fora solicitado. A saída foi recorrer à Rota das Bandeiras que prontamente enviou transporte até a Santa Casa.

Ainda intranquila aguardando informações sobre a situação do marido, ela lembrou um episódio que remonta ao ano de 2015 quando teve problemas cardíacos e precisou de cateterismo. Disse que a Santa Casa deu prazo de 6 meses a um ano de espera para o procedimento. Ela decidiu recorrer ao Hospital São Vicente, em Jundiaí e imediatamente ficou na emergência. Três dias depois fez o cateterismo. Apesar dos percalços, ela diz que o serviço da Santa Casa de Misericórdia de Itatiba é razoável.

Foto: Cid Barboza

Outras dores

Antonio Carlos da Silva Lima, 34, estava de volta à Santa Casa. Na quinta-feira da semana passada ela esteve lá com os seguintes sintomas: boca um pouco torta e com o olho esquerdo escorrendo. O médico que o atendeu diagnosticou uma inflamação num nervo da face, prescreveu duas injeções três medicamentos, mas nem todos estavam disponíveis na farmácia do sistema público. Gastou R$ 100 numa farmácia, mas não melhorou, disse apontando para o próprio rosto e com esperança de obter uma solução para o problema. Estava aguardando há duas horas e meia.

Outro paciente na sala de espera, Andre Chimanski, 45, havia abandonado o serviço com dor no corpo e febre. Como não é de fazer corpo mole, a empresa SF Formas, onde trabalha como lixador, o orientou a buscar ajuda médica na Santa Casa, onde chegou às 10h38 e às 11h56 conversava com a reportagem, sem demonstrar estresse com a espera. Há um mês esteve lá por conta de problemas respiratórios e considerou ter recebido um bom atendimento. “Mas tem hora que o couro come”, comentou bem humorado.

A Kailane Gonçalves, 20 anos, tinha acabado de chegar e já com autodiagnóstico. “É uma virose. Peguei do meu sobrinho”, questionada sobre os sintomas, revela estar com crises de vômito e diarreia. Sobre experiências anteriores na Santa Casa, diz que “Tem dias e dias. Pessoas que atendem bem ou de qualquer jeito”. Calcula que o tempo médio de esperta fica entre duas horas e duas horas e meia. Considera o atendimento médico bom e eventualmente a triagem é complicada.

Foto: Cid Barboza

Falta de equipamento

A falta de aparelho para ultrassom é uma queixa antiga em relação à Santa Casa. Vitoria Sartoratto, 23, procurou a reportagem para contar o seguinte: Em 2016 fez uma cirurgia de apendicite na Santa Casa de Itatiba. De lá para cá os episódios de dor são frequentes. Desta vez reclama que desde sexta-feira passada peregrina pela UPA e pela Santa Casa, que já chegou a disponibilizar uma ambulância para buscá-la em casa durante uma crise. A recomendação médica indicou necessidade de ultrassom, mas nem a UPA nem a Santa Casa dispõem do equipamento. A alternativa foi realizar o exame fora do sistema público e pagar R$ 300 na empresa Climagem, que integra a rede Ágil Saúde ao lado da Agiliza Saúde, CSO, Clínica CEM, Agiliza Lab e Hospital Itatiba. Ela apresentou o resultado na UPA mas nada foi resolvido. Tem esperança de, com o exame em mãos, obterá uma solução para tratamento das dores e o que as motiva.

A movimentação no pronto-socorro se mostrou contínua, mas desta vez sem excesso de procura. Prós e contras foram manifestados sem qualquer interferência.

Por Cid Barboza – Fotos: Cid Barboza