Ser médico em 2025: entre a ciência e a humanidade
Em um cenário em que a tecnologia avança a passos largos e redefine a forma como vivemos, o exercício da medicina também se transformou — e muito. A profissão que sempre exigiu vocação e preparo técnico agora pede, mais do que nunca, equilíbrio emocional, empatia e capacidade de adaptação.
Para entender melhor esse novo momento, o Itatiba Hoje conversou com o Dr. Ulisses Geraldini, Secretário Adjunto de Vigilância em Saúde de Itatiba, que compartilhou sua visão sobre o que significa ser médico em 2025 — e como a essência da profissão resiste, mesmo em meio a tantas mudanças.
“A medicina dos últimos anos passou por uma transformação silenciosa, mas profunda”, reflete o médico. “A tecnologia ampliou nossa capacidade diagnóstica e o acesso à informação tornou o paciente mais participativo. No entanto, o excesso de protocolos, a pressão por produtividade e a hiperconectividade trouxeram também uma carga emocional maior para o médico.”
Para ele, exercer a medicina hoje é um ato de equilíbrio. “Em 2025, praticar medicina é equilibrar ciência e humanidade, sem perder o olhar pessoal em meio a um mundo cada vez mais impessoal.”
Desafios de uma nova era
As dificuldades enfrentadas pelos médicos de hoje vão além das questões técnicas. Segundo Dr. Ulisses, o desgaste emocional e a fragmentação do cuidado são desafios centrais. “Vivemos entre sistemas de saúde sobrecarregados, pacientes ansiosos por respostas imediatas e uma sociedade que valoriza mais a rapidez do que a escuta”, afirma. “Manter a empatia, o vínculo e o senso de propósito tornou-se um verdadeiro ato de resistência.”
A gratificação que não muda
Mesmo diante desse cenário desafiador, há algo que permanece intocado: a recompensa emocional do cuidado bem feito. “Nada substitui o instante em que o paciente melhora, quando o cuidado faz diferença real na vida de alguém”, diz. “A confiança, o reconhecimento silencioso, o ‘muito obrigado, doutor’ — são gestos simples que justificam décadas de estudo e de entrega.”
Para o médico, esse é o verdadeiro sentido da profissão. “A medicina continua sendo uma das mais belas formas de servir ao outro.”
O futuro da medicina
O olhar de Dr. Ulisses para o futuro é otimista — mas também realista. Ele acredita que a tecnologia seguirá como uma grande aliada, mas ressalta que o essencial continuará sendo humano. “A inteligência artificial pode auxiliar no diagnóstico, mas jamais substituirá o toque, o olhar e a escuta de um bom médico.”
Aos jovens que estão ingressando na profissão, deixa um conselho que é quase um manifesto: “Mantenham a curiosidade, o rigor técnico e, acima de tudo, a compaixão. Ser médico é um privilégio e uma responsabilidade — é escolher, todos os dias, cuidar da vida.”
Em 2025, a medicina é cada vez mais digital, mas também cada vez mais humana. E talvez seja justamente nesse contraste que reside sua força: entre algoritmos e emoções, dados e histórias, o médico segue sendo o elo essencial entre a ciência e o cuidado.
Por Lívia Martins/Itatiba Hoje – Foto: Arquivo pessoal