Defasado há 8 anos, vereadores de Itatiba discutem reajuste e no final nada será alterado
Presidente da Casa de Leis informou que Tribunal de Contas recomendou a correção
Uma agitação tomou conta da Câmara Municipal na sessão de quarta-feira, 5. A abertura dos trabalhos foi suspensa a pedido do presidente da Casa, vereador David Bueno (Solidariedade). Ele convocou os vereadores que estavam no plenário para uma reunião a portas fechadas no andar superior da Casa. O motivo não foi informado, de modo que as pessoas presentes para acompanhar os trabalhos ficaram sem saber os motivos da suspensão. Pouco antes, o Itatiba Hoje apurou a possibilidade de votação de um reajuste salarial para os vereadores.

O fato é que o assunto não constava da pauta da sessão ordinária número 115, que por sinal era bastante extensa. Assim, haveria necessidade de uma sessão extraordinária caso o reajuste fosse levado à apreciação.
Após cerca de 20 minutos de espera, os vereadores retornaram ao plenário. Alguns haviam abandonado a reunião antes do fim, manifestando descontentamento sobre como o tema estava sendo abordado.

Alerta do Tribunal de Contas
O vereador David Bueno afirmou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) emitiu uma recomendação para que a defasagem salarial fosse corrigida, já que os vencimentos estão congelados há 8 anos e o prolongamento desta situação pode criar dificuldades futuras. Apesar da insistência, David Bueno não informou se o TCE indicou algum índice de reajuste a ser aplicado. Questionado sobre qual seria o impacto junto à opinião pública, Bueno acredita que a população entenderia levando em consideração o longo período sem correção.
Em conversas reservadas, mais de um vereador, sempre na condição de anonimato, expuseram concordância com a necessidade de reajuste, mas, por incrível quer pareça, faltou consenso sobre como levar o tema ao plenário.
Atualmente, o salário bruto de um vereador em Itatiba é R$ 7.336,94. Eles têm direito a uso de carro oficial e combustível, reembolso de despesas com alimentação de até R$ 1 mil por mês, sempre que justificadas com notas fiscais e realizadas em favor do exercício do cargo. Pelo menos um deles, que também pediu para não ter o nome revelado, garantiu que não faz uso desses benefícios, que banca os gastos com o salário recebido e nem sempre a conta fecha.

Ausências
No desenrolar da 115ª sessão da Câmara Municipal, duas ausências foram sentidas. As sempre presentes vereadoras, Leila Bedani (PSDB) e Luciana Bernardo |PDT), únicas mulheres da atual legislatura, não apareceram. Há informações de que ambas adiantaram aos colegas que não votariam qualquer tipo de reajuste salarial.
Após encerrar a sessão, David Bueno conversou com alguns vereadores e todos, sem fazer referência ao tema que não existiu formalmente, mantiveram um tom de confidencialidade. Nenhuma informação mais detalhada seria tornada pública. Perguntado se todos consideram justo ter o salário corrigido, mas não sabem como fazer para seguir a recomendação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, o presidente da Casa sorriu e concordou, sem quebrar o pacto. “Preciso respeitar o que foi decidido pelos colegas na reunião”.
Por enquanto não existe prazo para que o assunto volte à baila.
Por Cid Barboza – Fotos: Augusto Schiosi/CMI