Mamonas Assassinas – o filme estreia na telona e ator fala da interpretação
Robson Lima, que faz o papel do tecladista Júlio Rasec, se emociona ao contar os bastidores da filmagem
O grupo Mamonas Assassinas já tem sua história contada nas telonas desde sexta-feira (28), após 27 anos da morte dos integrantes. Um dos maiores fenômenos da história da música popular brasileira viveu carreira curta de poucos meses, mas que foram o suficiente para conquistar uma geração inteira. A trajetória é em mais de 800 salas de cinema do Brasil, com a estreia de Mamonas Assassinas – o Filme.
Nos anos de 1990, Dinho (vocalista interpretado por Ruy Brissac), Sérgio Reoli (baterista vivido por Rhener Freitas), Samuel Reoli (baixista papel de Adriano Tunes), o tecladista Julio Rasec (Robson Lima) e o guitarrista Bento Hinoto (Alberto Hinoto) são garotos comuns com pouco dinheiro e muitos sonhos.
Depois de algumas tentativas fracassadas, praticamente do dia para a noite, eles se tornam a sensação musical da década: os Mamonas Assassinas. Se opondo às tendências das principais canções, eles decidem seguir um caminho mais bem-humorado e ousado que sempre apelava para palavrões. Assim, eles fizeram sucesso sendo eles mesmos e se tornaram o maior nome quando se fala de rock cômico brasileiro.
Donos de hits como “Pelados em Santos”, “Robocop Gay” e “Vira-Vira”, as letras contam com um humor debochado e inteligente. Todas elas estão contempladas na película com um diferencial: foram regravadas e performadas pelo elenco, já que o disco original não tinha como ser remasterizado por conta da forma que foi produzido. A integração de tais músicas não só evoca nostalgia como também vai atrás do público mais novo que pode não ter tido contato com os Mamonas.
“É muito importante as novas gerações conhecerem os Mamonas e aprenderem com essa leveza que eles abordaram temas que hoje em dia são super relevantes. Além de que eles tratavam desses assuntos sem que ninguém se ofendesse, eles eram necessários naquela época e são necessários neste momento “, explica Edson Spinello, que assina a direção, em coletiva de imprensa.
Ator do filme
Em entrevista ao Jornal Itatiba Hoje, o ator e cantor Robson Lima, que interpreta o tecladista Júlio Rasec na cinebiografia, compartilha sobre o processo de preparação. Realizado em um curtíssimo período de tempo, o ator define o momento em uma única palavra.
“Intensidade, a palavra é essa, porque além da gravação, ter durado apenas um mês e uma semana, a preparação também foi de um mês. Então, a gente teve que se preparar de uma forma muito intensa para os personagens. Nós tivemos, inclusive, uma indicação da direção de que realmente tínhamos que estar imersos nesse universo. Assim, nós gravamos em Guarulhos; e a preparação foi em Guarulhos. Então, já começamos por esse espaço, onde realmente vivemos a energia da cidade”, afirma o ator.
Memória Afetiva
Buscando por uma sintonia o mais próxima possível da personalidade dos músicos, Robson revela que a participação dos familiares da banda foi de suma importância para a construção dos personagens. Além disso, o artista destaca que um dos momentos mais significativos durante a gravação foi perceber o quão a banda continua sendo querida pela população brasileira.
“A ajuda da família foi fundamental. A Paula Rasec [irmã do tecladista Júlio Rasec], especificamente no meu caso, foi um anjo na minha vida. Ela é uma pessoa muito generosa e compartilhou muitas informações exclusivas para me ajudar a construir o Júlio. É muito interessante entender esses aspectos para compreender a humanidade, a essência desses personagens. Quando você conhece a família, entende muito como e por que eles são da maneira que são. Foi muito enriquecedor esse processo”, enfatiza o ator.
“Além disso, o que mais me marcou, junto com a galera da figuração, foi tudo que vivemos durante o período de preparação e gravação. Lidamos muito, por exemplo, com Uber, pessoas no mercado, vendinhas, farmácias, e eventualmente alguém perguntava, queria conversar conosco. Falávamos sobre o filme, quem estávamos interpretando, e todos ficavam felizes e calorosos. Todos tinham alguma história relacionada ao Mamonas, aos meninos. O que mais me marcou foi essa relação viva que a comunidade ainda tem com a banda. Gravamos em Guarulhos, fizemos a preparação lá, então o que mais me marcou foi entender que o Mamonas ainda vive, e vive muito forte, no coração e na memória de tanta gente. Foi algo que vou levar para a vida”, destaca Robson, emocionado.
Curta trajetória
Fundindo elementos de pop rock, brega, heavy metal, forró e até música mexicana, os Mamonas Assassinas conquistaram destaque como um fenômeno na década de 1990. O único álbum da banda, lançado em junho de 1995, alcançou a impressionante marca de mais de 3 milhões de cópias vendidas no Brasil. No entanto, o sucesso durou cerca de sete meses. Com uma turnê agendada em Portugal, a carreira e os sonhos foram interrompidos após um acidente de avião no dia 2 de março de 1996, no qual nem a tripulação, nem os integrantes da banda sobreviveram.
Por Alberto Gonçalves – Fotos: Divulgação