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Aquisição de abelhas sem ferrão em extinção impulsiona pesquisa na Fatec

Doação de 30 colmeias da abelha sem ferrão Uruçu Amarela ao Projeto Doce Futuro, parceiro da Fatec, fortalece pesquisa empreendida há um ano

A coordenadora do projeto na Fatec, Flavia Vasquez Farinazzi Machado, está entusiasmada com a novidade. “A Uruçu Amarela (Melipona mondury) é muito eficiente como produtora de mel e pólen, dois produtos com os quais estamos desenvolvendo as pesquisas, e apresentando alta concentração de compostos bioativos importantes”, avisa.

Um ano depois de dar início a estudo sobre abelhas nativas sem ferrão, a Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Marília recebeu um reforço de peso: uma doação de 30 colmeias da espécie Uruçu Amarela feita para o projeto Doce Futuro Agrofloresta, parceiro da unidade na empreitada. “Proveniente do Estado de Santa Catarina, esse tipo de abelha está extinto em cerca de 90% do Estado de São Paulo”, avalia o ambientalista Fernando Garcia, um dos fundadores do Doce Futuro, que há 18 anos se dedica a estudos na área de apicultura. Foto: Divulgação/Governo SP

Espécie eficaz

Garcia acrescenta algumas qualidades, além da reconhecida eficiência que leva cada colônia a produzir dois quilos de mel por ano: “A Uruçu Amarela é resistente ao frio, dócil e fácil de lidar”, diz o ambientalista. Em comparação com outras espécies, ela fica ainda mais atraente. “A Mandaguari, por exemplo, uma das espécies de Melipona mais produtivas, é bastante defensiva, exigindo que o apicultor utilize a mesma indumentária recomendada ao trabalho com as abelhas com ferrão. “Ela se enrola no seu cabelo, entra no seu ouvido ou no nariz”, conta. ”Por outro lado, a Jataí, que produz mel de boa qualidade, fornece uma quantidade muito menor, no máximo 350 gramas por ano”.

Segundo Garcia, a região de Marília se torna, com a doação das colmeias, um santuário da Uruçu Amarela. “Essa abelha foi incluída na lista vermelha de espécies ameaçadas, em alguns estados brasileiros”, diz Flávia. “Nós vamos estimular o seu repovoamento, o que significa maior desempenho na polinização e nos serviços ambientais, bem como na produção de mel e pólen para estudos científicos”.

Trabalho conjunto

Em maio de 2023, quando foi firmada a parceria entre a Fatec e o projeto Doce Futuro, Garcia apontou que faltavam, até então, análises da área de alimentação sobre a produção de abelhas realizadas por uma instituição de Ensino Superior. Com Johnny Santana e João Tramarin, o ambientalista fundou, em 2021, o projeto Doce Futuro e Agrofloresta, com a proposta de reflorestar uma área pública queimada e degradada de 120 mil metros quadrados, além de elevar o patamar das pesquisas de meliponicultura, o estudo das abelhas nativas. Entrava aí a expertise dos docentes da Fatec Marília.

Na linha de frente das pesquisas está a professora da Fatec Flavia Farinazzi, nutricionista de formação, que conta, desde o início, com a colaboração de outras duas docentes: Renata Bonini Pardo, veterinária, e, mais recentemente, Claudia Dorta, microbiologista.

Na ocasião, Flávia lembrou que as atividades de pesquisa incluem análises físicas, químicas e microbiológicas em amostras de mel recém-coletado. “Ao longo do processo de maturação proveniente de diferentes espécies de abelhas sem ferrão, as espécies deverão servir como requisitos de identidade e de formação de padrões importantes para a garantia de segurança de consumo do mel. Serão base de referência para inspeção, permitindo a comercialização oficial”, pontuou. Os dados coletados servirão também à estruturação de ensaios e projetos de pesquisa acadêmica, incluindo participação em eventos e publicação em revistas científicas.

Por Governo do Estado de São Paulo – Foto: Divulgação/Governo SP