Setembro Amarelo: Esgotamento mental e emocional afeta 32% dos trabalhadores brasileiros, segundo a OMS
Em pleno mês de valorização da vida, dados alarmantes ressaltam a importância dos cuidados e prevenção emocional no mundo corporativo
A saúde mental no ambiente corporativo tornou-se uma questão urgente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 32% dos trabalhadores brasileiros sofrem de burnout, ou esgotamento emocional. Já uma pesquisa da ISMA-BR aponta que 72% dos trabalhadores no Brasil vivem algum nível de estresse, afetando diretamente produtividade e qualidade de vida.
A pandemia agravou essa situação. Segundo a Fiocruz, 47,3% dos trabalhadores relataram piora na saúde mental, destacando sintomas como ansiedade, depressão e estresse. Esses fatores elevam o absenteísmo e reduzem o desempenho nas empresas. O impacto econômico também é grave: as empresas perdem cerca de US$ 1 trilhão por ano em produtividade devido a problemas de saúde mental.
Apesar da relevância do tema, apenas 29% das empresas brasileiras possuem programas estruturados de apoio à saúde mental. Em Itatiba, onde há cerca de 7.000 empresas ativas, a realidade não é diferente. O Itatiba Hoje conversou com Ana Kekligian, master coach, master analista comportamental, especialista em inteligência emocional e em treinamentos corporativos, sobre como as empresas podem criar ambientes de trabalho mais saudáveis.
A importância da conscientização
Segundo Ana Kekligian, ações de conscientização são fundamentais, especialmente durante o Setembro Amarelo. Campanhas de prevenção podem criar espaços onde os profissionais se sintam acolhidos e protegidos, sem medo de julgamentos. Ela destaca que líderes despreparados podem agravar a situação ao interpretar sinais de esgotamento emocional como incompetência.
Ana destaca sinais de desgaste que os gestores devem observar, como cansaço excessivo, falta de concentração, desânimo e isolamento. Na avaliação dela, a comunicação eficiente é essencial para identificar esses problemas antes que causem danos maiores.
Estratégias para um ambiente saudável
A criação de um ambiente mais acolhedor depende de práticas simples, como a abertura de canais de diálogo e o incentivo ao autoconhecimento dos colaboradores estão entre as estratégias listadas por Ana Kekligian para um ambiente corporativo mais saudável. Ela sugere a implementação de palestras, eventos motivacionais, e o oferecimento de serviços de suporte psicológico.
Além disso, Ana acredita que a inteligência emocional deve ser aplicada no ambiente de trabalho, promovendo relações mais saudáveis, maior empatia e uma melhor gestão das emoções. Isso pode impactar positivamente tanto os resultados da empresa quanto o bem-estar dos colaboradores. “Eu realmente acredito que a melhor e mais eficiente forma de impactar funcionários e encontrar resultados rápidos, é por meio de práticas vivenciais. É colocar para fazer e não ficar somente na teoria. As vivências são impactantes e promovem mudanças rápidas e efetivas. Então, comunicar é importante para conscientizar e promover, mas junto a isso é fundamental realizar treinamentos vivenciais”, reforça a especialista.
Desafios e oportunidades
Apesar do aumento da conscientização, muitas empresas ainda resistem a investir em programas de saúde mental, alerta Ana Kekligian. O medo de processos legais e a falta de recursos são barreiras comuns. Contudo, ela ressalta que a nova lei de saúde mental sancionada em 2024, que cria o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, oferece incentivos às empresas que promovem o bem-estar emocional de seus colaboradores.
A especialista reforça que prevenir é sempre mais eficaz do que remediar, e que o bem-estar dos funcionários deve ser uma prioridade contínua, não apenas uma ação pontual. Em um cenário de mudanças constantes e desafios emocionais crescentes, cuidar da saúde mental no trabalho se tornou uma questão de sobrevivência empresarial e humana.
Camila de Magalhães/Itatiba Hoje – Foto: Arquivo Pessoal