“Toda mudança necessita de tempo, investimento e trabalho árduo”: os desafios da inclusão em Itatiba
Nesta edição resolvemos conversar com personalidades da cidade que moldam o presente e ajudam a construir um futuro inclusivo e acolhedor. Entre essas vozes está Marcela Milanez, itatibense, mãe de um filho autista e membro atuante da ONG Outro Olhar, uma associação voltada para o apoio e inclusão de autistas na cidade.
Em sua entrevista, Marcela reflete sobre o crescimento de Itatiba e os desafios que ainda precisam ser superados para que a cidade se torne mais acessível e inclusiva para famílias atípicas.
“Participativa em nossa sociedade”: a experiência de uma vida em Itatiba
Com 43 anos de vivência em Itatiba, Marcela conta que acompanhou de perto o desenvolvimento da cidade, desde a sua infância, marcada pela participação em atividades escolares e culturais, até o momento atual, em que trabalha ativamente para construir um futuro melhor para as famílias com necessidades especiais. “Posso afirmar que consegui presenciar avanços na área de educação, na oferta de atividades extracurriculares em esportes e artes,” destaca Marcela, lembrando que, no passado, essas opções eram limitadas ao setor privado.
Hoje, Marcela vê um empenho crescente por parte do município para criar um ambiente de suporte e acolhimento para famílias atípicas, como a sua. Isso, para ela, é um sinal de progresso, embora acredite que ainda há um longo caminho a ser trilhado, especialmente no que se refere às políticas públicas para pessoas com deficiência.
O desafio da inclusão e a luta por políticas públicas
Marcela observa que a inclusão é um desafio que se torna mais evidente à medida que a população com deficiência cresce e se torna adulta. Para ela, é fundamental que a cidade invista na adaptação de materiais escolares para crianças com necessidades especiais, conforme as diretrizes da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e outras regulamentações que garantem o direito à educação inclusiva.
Outro ponto importante para Marcela é a inserção de pessoas com deficiência (PCDs) neurológica no mercado de trabalho. Ela destaca que a inclusão profissional é um passo essencial para que essa população possa exercer sua cidadania e alcançar uma vida mais independente.
Além disso, Marcela enfatiza a importância de políticas de acolhimento que ofereçam suporte a PCDs adolescentes, adultos e idosos que, eventualmente, perderem seus cuidadores principais.
“Todos podem ajudar partindo do princípio de entender a importância dessas políticas públicas serem implementadas”, diz Marcela. E ela acredita que a conscientização da comunidade sobre a inclusão é uma peça-chave para transformar esse desejo em realidade.
Educação inclusiva: mudanças e expectativas para o futuro
A inclusão na educação é uma causa que Marcela Milanez acompanha de perto. Ela nota mudanças positivas, especialmente no aumento de alunos com deficiência nas escolas, nas áreas de lazer e em eventos públicos, o que reflete um avanço no acolhimento por parte da cidade. “Acredito que a população de Itatiba nunca conviveu com tantos alunos PCDs nas escolas, em áreas de lazer, em eventos públicos e particulares,” comenta ela. Essa convivência, para Marcela, é resultado do incentivo e das adaptações realizadas tanto por instituições públicas quanto particulares.
As expectativas para o futuro são otimistas, mas Marcela reconhece que o caminho é longo e requer “tempo, investimento e trabalho árduo, além de readaptações ao longo do tempo.” A ONG Outro Olhar, onde ela atua, é um exemplo do esforço contínuo para sensibilizar a sociedade e ampliar a oferta de recursos e suporte para as famílias atípicas.
Um chamado à inclusão
Marcela Milanez e a ONG Outro Olhar estão, assim, na linha de frente da luta por uma Itatiba inclusiva e acolhedora para todos. Para ela, o futuro da cidade depende do empenho coletivo para garantir que todos os cidadãos, independentemente de suas necessidades, possam viver com dignidade e qualidade de vida. É um desafio, mas também uma grande oportunidade para que Itatiba continue evoluindo, respeitando e valorizando a diversidade de seus habitantes.
Neste aniversário, o Itatiba Hoje homenageia aqueles que, como Marcela, ajudam a construir uma cidade mais justa e igualitária, onde o direito de pertencer e de participar seja uma realidade para todos.
Por Lívia Martins/Itatiba Hoje – Foto: Arquivo pessoal