Restituição ou imposto a pagar? Como planejar suas finanças de forma real e inteligente
Com a temporada de declaração do Imposto de Renda em andamento, muitos contribuintes se perguntam: será que vou receber restituição ou terei que pagar imposto? Mais do que uma simples resposta, essa dúvida abre espaço para reflexões importantes sobre planejamento financeiro.
Conversamos com a contadora Márcia Franco Morihiro, que esclareceu pontos essenciais e deu dicas práticas para lidar com o IR sem sustos.

Como saber se vou receber ou pagar imposto?
“A lógica é simples: se ao longo do ano você pagou mais imposto do que devia, tem direito à restituição. Se pagou menos, vai precisar complementar na declaração”, explica Márcia.
Segundo ela, os fatores que mais influenciam esse cálculo são a renda total, os descontos legais (como dependentes, despesas médicas e educação) e o valor retido na fonte ao longo do ano.
Em geral, quem tem uma única fonte de renda costuma ter o imposto retido corretamente na fonte e, por isso, tem mais chances de receber restituição. Já quem tem duas ou mais fontes de renda, como um segundo emprego ou aluguéis, pode acabar tendo imposto a pagar.
Restituição: dinheiro “extra” ou oportunidade de planejamento?
Muita gente enxerga a restituição como uma grata surpresa no orçamento, mas Márcia alerta: “Restituição não é dinheiro ‘extra’, é dinheiro seu que foi antecipado ao governo.” Por isso, o ideal é usá-lo de forma estratégica.
Se você tem dívidas, a prioridade deve ser quitar as mais caras — como cartão de crédito ou cheque especial. “Se estiver com as contas em dia, vale investir esse valor para criar ou reforçar sua reserva de emergência”, recomenda a contadora.
Outras boas alternativas são usar a restituição para objetivos de médio ou longo prazo, como um curso, uma reforma ou até mesmo a aposentadoria.
Imposto a pagar: melhor à vista ou parcelado?
Descobrir que há imposto a pagar pode assustar, mas o mais importante é se preparar para isso. Se houver dinheiro guardado, o ideal é quitar o valor à vista, evitando os juros do parcelamento. “Agora, se o valor for alto e comprometer seu orçamento, o parcelamento é uma saída. Mas atenção: ele tem juros da Selic”, alerta Márcia.
Nesse caso, o contribuinte deve reorganizar seu orçamento para não transformar o parcelamento em uma bola de neve. E para o ano seguinte, já deixar um valor reservado pode ser um bom caminho. “Vale reservar mensalmente uma parte dos rendimentos para o pagamento deste imposto à vista”, orienta.
Como se planejar durante o ano para evitar surpresas?
Segundo Márcia, o segredo está no controle e no acompanhamento. “A principal dica é manter tudo registrado desde o início do ano: comprovantes de despesas médicas, escolares, recibos de aluguel, pagamentos de autônomos, tudo”, afirma.
Além disso, é importante simular com frequência quanto de imposto está sendo retido — principalmente para quem tem rendimentos variáveis ou é autônomo. Nesses casos, o uso do carnê-leão pode ajudar a manter os tributos em dia e evitar dores de cabeça na declaração anual.
Por fim, a contadora reforça: “Converse com seu contador com antecedência — ele pode ajudar a evitar erros e até otimizar legalmente o valor a pagar.”
Por Lívia Martins/Itatiba Hoje – Fotos: Sasun Bughdaryan/Unsplash e Arquivo pessoal