Da fé e do café à indústria e tecnologia: a trajetória de Itatiba rumo ao desenvolvimento
A história de Itatiba, uma das cidades mais prósperas do interior paulista, é marcada por fé, trabalho e transformação. A origem do município remonta ao final do século XVIII, quando colonos atraídos pela fertilidade das terras se estabeleceram na região e ergueram uma pequena capela em homenagem a Nossa Senhora do Belém — ponto de partida para o que viria a ser a atual “Princesa da Colina”.
Os registros históricos indicam que os primeiros moradores chegaram por volta de 1775, vindos principalmente de Atibaia e Piracaia, ao longo do Rio Atibaia. Fugindo das escoltas que patrulhavam a região, formaram um pequeno núcleo populacional que cresceu rapidamente graças à abundância das terras e à vocação agrícola da região.
Entre os pioneiros está o sargento de milícias Antônio Rodrigues da Silva, responsável por erguer, em 1814, uma capela dedicada a Nossa Senhora do Belém no atual bairro do Cruzeiro. Com o aumento da população, o templo se tornou pequeno, e em 1827 iniciou-se a construção de uma nova igreja. Dois anos depois, os moradores solicitaram oficialmente ao Império que o povoado fosse elevado à condição de freguesia. O pedido foi aceito em 1830, por decreto de Dom Pedro I, criando-se a Freguesia de Nossa Senhora do Belém, pertencente à então Vila de Jundiaí.
O crescimento econômico e populacional levou, em 1857, à elevação do território à categoria de vila, com o nome de Belém de Jundiaí. Vinte anos depois, em 1877, o município passou a se chamar oficialmente Itatiba, termo de origem tupi que significa “ajuntamento de pedras” — uma referência ao relevo característico da região.
No século XIX, Itatiba viveu o auge da economia cafeeira, que transformou a paisagem local e impulsionou o desenvolvimento. O café foi o principal motor da riqueza regional, atraindo imigrantes, especialmente italianos, que deixaram marcas profundas na cultura e nas tradições locais. A cidade chegou a contar com uma ferrovia própria, a Estrada de Ferro Carril Itatibense, responsável por escoar a produção e conectar o município a importantes centros comerciais.
A crise de 1929, que abalou a economia mundial, também afetou a produção cafeeira, levando Itatiba a buscar novos caminhos. A partir de então, o município iniciou uma nova fase de industrialização, com destaque para as indústrias têxteis, de fósforos e calçados.
Nos anos 1960, a cidade viveu um novo ciclo de prosperidade com o fortalecimento do setor moveleiro, tornando-se referência nacional na produção de móveis em estilo colonial. Essa vocação levou Itatiba a conquistar o título de “Capital Brasileira do Móvel Colonial”, símbolo do talento artesanal e do empreendedorismo local.
Hoje, Itatiba é um exemplo de município que soube se reinventar ao longo do tempo. Da fé e do café, que moldaram sua identidade, à indústria e tecnologia, que impulsionam seu futuro, a cidade construiu uma trajetória de inovação sem abandonar suas raízes. Entre colinas, memórias e progresso, Itatiba segue escrevendo sua história como uma das joias do interior paulista.
Da redação – Foto: Renato Jr./PMI

