AVALIAÇÃO: Ford revive o Maverick como carro em forma de picape
Mais de 40 anos depois, o Ford Maverick está de volta. Os “mavecos”, como ficaram conhecidos, estrearam no Brasil na década de 70 como esportivos, com motores beberrões V6 e V8 em plena maior crise mundial do petróleo. Apesar de se tornarem ícones daquela época, logo desapareceram. Desta vez, a Ford – que parou de fabricar carros no país – traz do México uma picape de mesmo nome, que é sucesso no mercado norte-americano, que tem no motor 2.0 Ecoboost de 253 cavalos um de seus maiores trunfos.
Avaliada pelo Carro Express durante uma semana, principalmente na cidade, a picape Maverick fez bonito. Ou melhor, ela é linda e se destaca na paisagem urbana justamente por fugir ao lugar comum dos designs que se espalham por aí. Apesar de entrar no mercado das médias, custa mais que a líder Fiat Toro em sua versão mais completa e cara. Sai por quase R$ 240 mil. Mas aí é que está a diferença. A Maverick não veio para concorrer diretamente com ela, já que se posiciona em um espaço diferenciado. É quase um nicho de mercado, voltada para quem quer mais que uma picape média, mas oferece desempenho superior e se difere justamente pelo estilo aventureiro.
O comportamento da Maverick se sobressai com o motor turbo somente a gasolina. Os 253 cavalos de potência se destacam em diferentes momentos, numa perfeita interação com o câmbio automático de oito velocidades. É pisar e ir. Arranque rápido, velocidades mais altas num piscar de olhos e muita firmeza nas manobras. Nas curvas, nada de ver a traseira saindo. Ela fica à mão de forma impressionante. Quem está dentro se sente em um carro de passeio, já que não há sobressaltos, nem mesmo aquelas batidas fortes da suspensão. Tudo muito suave e seguro. Dá para arriscar dizer que se trata de um SUV com caçamba.
Vale citar que a tração integral FX4 nas quatro rodas facilita demais esse tipo de condução, tanto no uso urbano como na estrada. Se precisar ir para a terra, em terrenos mais difíceis, há assistentes para uso off-road, com comandos simples no console central, como auxílio para descidas em rampas e reduzida, por exemplo.
No Brasil, a Ford Maverick está sendo comercializada apenas na versão Lariat, top de linha nos Estados Unidos. Por isso, esbanja no acabamento interno muito diferenciado, que apresenta um estilo de alto luxo e muitas soluções inteligentes em termos de espaços para abrigar pequenos objetos. Apesar de abusar no uso de plásticos rígidos, as soluções visuais são as melhores. Os bancos são em couro e tem controle eletrônico para o motorista.
A central multimídia é a Sync 2.5 com tela de 7 polegadas. Infelizmente, apesar de ser compatível com vários aplicativos, como a conexão ao smartphone pelo Apple Car Play ou Android Auto, só dá para se conectar por cabos. Nem carregador por indução oferece. O ar condicionado digital é dualzone, mas não oferece saídas para quem vai no banco de trás. O seletor do câmbio é giratório e o botão “L” no meio aciona o modo que força o uso das marchas mais baixas, porque não há trocas sequenciais.
No visual, a frente é muito imponente e diferenciada. Na lateral, um visual bastante interessante, já que os estribos laterais passam a impressão de quase um carro rebaixado, com rodas de 17 polegadas pretas, com pneus de uso misto. A caçamba abriga uma moto com a tampa aberta, já que conta com um extensor, que facilita a vida do usuário. Há ainda abertura das portas por meio de um código, o que permite fechar o carro sem a necessidade de usar a chave. Bem interessante no meio de uma aventura, quando se quer dar um mergulho na praia ou entrar numa cachoeira no meio do caminho.
Vale ainda salientar que a Maverick tem 5,07 metros de comprimento e um entre-eixos de 3,07 metros. Além da caçamba bem servida, quem vai no banco traseiro da cabine dupla não se sente sufocado, algo que geralmente ocorre em picapes médias. Por ser bem comprida, na hora de manobrar, o único assistente é a câmera de ré. Não há avisos sonoros a partir de sensores de aproximação nem na frente como na traseira. A capacidade de carga é de 617 kg, ou seja, não foi feita para pegar no pesado. Ideal mesmo para transportar equipamentos para o lazer e bagagens.
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Por Ernesto Zanon/Carro Express – Fotos: Fotos: Danilo Sanches