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Com atendimento especializado, prefeitura inaugura Centro de Referência do Autismo de Itatiba

Atendimentos multidisciplinares estarão concentrados em um único local

A cidade de Itatiba conquistou mais um importante serviço na área de saúde. O Centro de Referência do Autismo de Itatiba (CAI) foi entregue na quarta-feira, 26, e faz parte do Programa Inova Saúde. A novidade atende a uma demanda crescente por esse tipo de assistência. O atendimento já é feito na rede pública, mas é inegável o déficit de profissionais que gera ainda mais ansiedade às famílias.

O diferencial do CAI é oferecer uma equipe multidisciplinar nas áreas de psicologia, psicopedagogia, neuropediatria, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psiquiatria infantil, neurologia, fisioterapia e educador físico. Alguns desses atendimentos continuam a ser oferecidos em outras unidades da rede pública.


Foto: Cid Barboza

A cerimônia de entrega das instalações contou com a presença diversas autoridades. O prefeito Thomás Capeletto de Oliveira (PSDB) celebrou a realização de um projeto que teve início há apenas dois meses e meio. A proposta de implantação do Centro de Referência do Autismo foi apresentada no dia em que o projeto foi instalado na cidade de Louveira. O secretário da Saúde, Renan Dias Irabi estava presente, percebeu o alcance da iniciativa, conversou com os responsáveis sobre a viabilidade de trazer para cá e apresentou ao prefeito, que comprou a ideia de imediato.


Foto: Cid Barboza

Atendimento terceirizado

O gerenciamento e a execução do atendimento do CAI fica por conta do Grupo Wilson Mellilo, que atua há 30 anos nesse ramo e é credenciado junto ao Consórcio Intermunicipal de Saúde na Região Metropolitana de Campinas (Cismetro). Criado para agilizar e melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos às populações, já abrange 40 cidades e é o maior consórcio do tipo no Estado de São Paulo. Essa condição permite o fechamento de contrato sem necessidade de licitação. A implantação do CAI foi rápida, entre outros motivos, porque a Prefeitura de Itatiba faz parte do Cismetro.

Wilson Mellilo, responsável pela empresa, explicou que a organização administra 10 clínicas em sete cidades e arca com aluguel do imóvel, contratação da equipe e todos os demais custos. Aqui em Itatiba, o CAI tem capacidade inicial para atender a 60 crianças e deve alcançar a marca de duzentas conforme demandas apresentadas pela Secretaria Municipal da Saúde. “Nosso modelo implica em dezesseis atendimentos por mês para cada criança” pontua Wilson Mellilo.


Foto: Cid Barboza

R$ 1 milhão

A Prefeitura de Itatiba vai desembolsar R$ 1 milhão por ano para manter o convênio. Para o prefeito Thomás Capeletto esse investimento é totalmente justificado. Ele citou outras iniciativas implantadas na cidade em defesa e proteção dos portadores de Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Já tivemos a criação de vagas especiais de estacionamento para veículos que transportam crianças com TEA, emissão de carteira de identificação, lugares reservados nos ônibus e áreas para brincar em parques. “Não adianta ter uma cidade bonita. É preciso identificar as necessidades das pessoas e o CAI vai revolucionar esse atendimento. Hoje é um dia histórico”, crava o prefeito.

A entrega das instalações atraiu vereadores e secretários municipais não apenas de Itatiba, como os prefeitos de Morungaba, Marco Antonio de Oliveira (PSD), que atualmente preside o Cismetro, e o de Louveira, Estanislau Steck (PSD).


Foto: Cid Barboza

Mães na linha de frente

Mas o destaque ficou mesmo por conta das famílias, principalmente mães acompanhadas de seus filhos.

Ana Lúcia Santana tem 38 anos e é mãe do Guilherme, de 5 anos, que já é atendido na rede pública nas áreas de psicopedagogia, fonoaudiologia e psiquiatria. No entanto, não consegue uma psicóloga para o Guilherme. Esperançosa, ela espera que o CAI supra essa necessidade. Questionada sobre as dificuldades para cuidar de uma criança portadora de TEA, ela afirma que numa escala de zero a dez, o grau é nove. Os persistentes olhares de reprovação quando está com o filho em lugar público é um dos pontos que doem. “As pessoas agem como se meu filho não tivesse boa educação, que é mimado…”. A falta de empatia é constante. Até em casa tem problema. “Meu filho de 12 anos, pré-adolescente, não entende porque o irmão recebe uma atenção diferenciada. E cobra isso”. Apesar dos entraves, o Guilherme dá sinais de superação e agora toma medicação e começou a frequentar uma EMEI. A presença dele e mais uma menina com TEA levou a escola a colocar uma professora auxiliar na classe. Mesmo assim, às vezes a situação escapa de controle e a escola pede para que busque o filho. Ana Lúcia vê no CAI uma possibilidade de avanço.

Foto: Divulgação/PMI

Lediana Soares também foi conhecer o CAI e espera conseguir apoio para o filho Luca, de 4 anos. O Transtorno do Espectro Autista foi descoberto há 2 anos. Ele vem sendo tratado na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) onde tem terapia ocupacijonal e estimulação. Mas, a fila para atendimento em fonoaudiologia já dura dois anos. Ela acredita que o encaminhamento do Luca ao CAI será feito pela APAE. Aí, as outras alternativas de tratamento oferecidas farão toda a diferença para o desenvolvimento do Luca.

Apesar do destaque dado às crianças, o CAI também atenderá adolescentes e adultos. Os familiares também vão receber acolhimento e apoio para que possam lidar da melhor maneira possível com os autistas. Esse é um ponto considerado importantíssimo no tratamento.

Foto: Cid Barboza

Porta de entrada para o CAI

O atendimento começa através do serviço Atenção Primária, nas UBSs, em atendimento pediátrico ou clínico. O paciente passa por triagem no CAC e, quando indicado, será direcionado ao CAI. Para o primeiro agendamento, a equipe do CAI entra em contato para comunicar a avaliação. Após a consulta, a equipe multiprofissional começa a preparar a sequência com as demandas de acordo com o diagnóstico, que pode levar várias sessões para ser concluído, de acordo com as necessidades de cada um.

Antes mesmo da inauguração, a Secretaria de Saúde já chamou 75 pacientes da lista de espera para avaliação. Os demais, têm sido orientados a seguir com tratamento na rede de suporte já existente.

Foto: Divulgação/PMI

“O CAI vem para revolucionar o atendimento de quem têm TEA. Aqui vamos oferecer atendimento multiespecializado e diversificado. Os que chegarem terão avaliação com profissionais para serem identificadas as terapias necessárias a cada atendimento – sendo até 16 terapias por mês. Estamos iniciando com 60 – já ampliando para 75 e, aos poucos, vamos aumentando e trazendo mais crianças para este atendimento tão especializado”, ressaltou o secretário de Saúde municipal, Renan Dias Irabi.

O Centro de Referência do Autismo fica na Rua Dr. Luiz de Mattos Pimenta – 261, Jardim Coronel Peroba.

Por Cid Barboza – Fotos: Cid Barboza