Climatério: Como essa fase afeta corpo e mente da mulher?
Calorão, dores musculares, oscilações de humor, e os caminhos para um bem-estar equilibrado, que envolvem alimentação, atividade física e até reposição de hormônios
Para fechar o Mês das Mulheres, o Itatiba Hoje traz à luz os desafios do climatério, fase de transição entre o período reprodutivo e a menopausa. Esse período pode trazer uma série de desafios físicos e emocionais, tornando essencial o acesso à informação e ao acompanhamento médico.
Em Itatiba, muitas mulheres vêm sofrendo com os sintomas e às vezes demoram a procurar ajuda, por falta de conhecimento sobre essa fase ainda pouco comentada no universo feminino. Foi o caso da empresária Shélida Franchini, 45 anos, que levou um bom tempo para perceber que se encontrava no climatério. As mudanças começaram pelo humor e depois veio o calorão. “Eu não entendia por que estava mais irritada e cansada. Os sintomas foram surgindo aos poucos e impactando minha rotina. Buscar orientação profissional foi essencial para lidar com essa fase”, conta. “Se falássemos mais sobre o assunto, não demoraríamos tanto para dar atenção aos sintomas.”

Mudanças físicas e hormonais
Luciara Moitinho Gail, ginecologista e obstetra de Itatiba, explica que o climatério ocorre, geralmente, entre os 45 e 55 anos, mas pode ter início mais cedo, a partir dos 35 anos, em alguns casos, o que merece atenção e cuidados.
“Nessa fase, ocorrem várias mudanças físicas e hormonais, como ondas de calor, dores de cabeça, dores musculares, fadiga, oscilações de humor (irritabilidade, ansiedade, depressão), insônia, diminuição da libido, aumento de peso, perda de memória, alterações no ciclo menstrual etc”, afirma Luciara. A especialista acrescenta que cada mulher vivencia essa transição de maneira única, demandando abordagens personalizadas para seu bem-estar.

Impacto na saúde íntima
Um dos aspectos que mais afetam a qualidade de vida das mulheres no climatério está relacionado à saúde íntima. “Com a queda da produção hormonal, há uma perda de elastina e colágeno na mucosa vaginal, o que pode resultar em secura e dor na relação sexual. O uso de estrogênio tópico, terapias com laser e radiofrequência podem ser alternativas eficazes”, explica Luciara.
A especialista também destaca a importância do acompanhamento ginecológico frequente para avaliar possíveis alterações na saúde óssea e cardiovascular, que também podem ser impactadas nesse período.
O que fazer para aliviar
Além dos sintomas físicos, o climatério pode impactar o metabolismo. O nutrólogo Dennis Teran alerta que a redução hormonal pode levar ao ganho de peso e à resistência à insulina. “Muitas mulheres percebem um aumento na gordura abdominal e dificuldades para manter a massa muscular. Uma alimentação equilibrada, rica em proteínas e antioxidantes, como carnes magras, grão de bico, linhaça, cúrcuma e gengibre, pode ajudar nesse período”, explica.
Ele também destaca a importância de hábitos saudáveis para minimizar os impactos do climatério. “Atividade física regular, um sono de qualidade e a hidratação adequada fazem toda a diferença. Exercícios de força, como musculação, ajudam a preservar a massa magra e prevenir a osteoporose. Yoga também é uma boa opção”, ressalta Teran.
Reposição hormonal
Quando se trata de tratamento, a terapia de reposição hormonal (TRH) é uma possibilidade, mas nem todas as mulheres podem ou desejam aderir a ela. “A TRH não é indicada para todas. Há alternativas como nutracêuticos, suplementação de vitaminas e ajustes no estilo de vida, que podem aliviar os sintomas sem necessitar de hormônios”, esclarece Teran.
Por Camila de Magalhães/Itatiba Hoje – Fotos: Arquivo pessoal