O presente que toca os cinco sentidos
Mais do que embrulhos, o que se oferece no Dia dos Namorados são memórias. E as melhores são aquelas que ficam no corpo inteiro
Há presentes que se guardam na estante. Outros, na memória. Os mais especiais, porém, se instalam nos sentidos — e vez ou outra voltam, como quem chega de mansinho e nos faz lembrar que o amor, quando é bem cuidado, não se esquece.
É por isso que, neste Dia dos Namorados, vale pensar com mais do que a carteira. Vale pensar com o corpo inteiro. Com o olhar atento, com a escuta sensível, com o tato que acolhe, com o olfato que encontra abrigo nas lembranças e com o paladar que celebra os instantes partilhados. Presentear, afinal, pode ser um convite para tocar — verdadeiramente — o outro.
Para ver e guardar
Existe beleza no que encanta os olhos, mas também no que revela cuidado. Um presente visual pode ser uma fotografia antiga restaurada, uma pintura feita à mão, uma vitrine montada com afeto, um bilhete escondido no espelho. O amor, quando se revela em imagens, não precisa de moldura cara: precisa de intenção.
Para ouvir com o coração
Há sons que curam. A voz de quem a gente ama dizendo “cheguei”, uma playlist feita só para dois, a leitura de um poema preferido, o barulho do riso compartilhado. Que tal gravar um áudio com palavras que nunca foram ditas, mas sempre estiveram ali, esperando a coragem? Em tempos de mensagens rápidas, oferecer tempo para ouvir é um presente raro.
Para sentir no ar
Certos cheiros são mais fiéis que a memória. Um perfume usado em momentos especiais, o aroma do café passado na hora certa, a fragrância de um sabonete que ficou na pele depois de um abraço. Presente que tem cheiro não precisa durar: ele volta sempre, cada vez que o ar se enche de saudade.
Para saborear com calma
Comida também é linguagem. Uma receita de infância refeita a dois, um vinho compartilhado sem pressa, um doce feito em casa, uma refeição em silêncio, mas com olhos que dizem tudo. O paladar é onde mora o conforto, e a cozinha, por vezes, é o lugar mais romântico da casa — quando se cozinha com alma.
Para tocar sem pressa
O toque tem memória. Um tecido macio, uma massagem improvisada, um presente feito à mão, a pele coberta com cuidado. O presente que se sente com os dedos pode ser uma roupa escolhida com carinho, um cobertor compartilhado, um simples “vem cá” com os braços abertos. Em um mundo apressado, um gesto lento vale ouro.
No fim, presentear é isso: encontrar uma forma de se fazer sentir. Não é sobre o que se dá, mas sobre o que se desperta. Um presente pode ser um perfume, um bilhete, um doce — ou tudo isso ao mesmo tempo, costurado pela memória, pelos sentidos e pela vontade de continuar surpreendendo.
Porque o amor não precisa de data. Mas, quando ela chega, é bonito lembrar: o que marca de verdade não é o que vem na sacola. É o que fica no corpo.
Por Lívia Martins/Itatiba Hoje – Foto: Amy Humphries/Unsplash