Foco
Homens pensam que podem fazer o que quiserem sem sofrer as consequências.
“Ah, mas nem todo homem”. Sim, mas na maioria esmagadora das vezes é um homem.
No início desta semana, uma mulher foi encontrada morta com um corte, causado por uma faca, no pescoço em sua casa no bairro Central Park I. O assassino, logo após o crime, cometeu suicídio. As motivações ainda estão sendo apuradas.
Na mesma semana foi notificado o assédio de mais de 30 crianças e adolescentes em uma escola da rede municipal de Itatiba por um funcionário terceirizado. De acordo com as denúncias, o homem mandava mensagens para os alunos e tinha conversas impróprias com as crianças. Ele está foragido.
Aqui temos o caso de dois homens que, por suas ações posteriores aos crimes, tinham consciência de que seus atos eram, no mínimo, muito errados. Aparentemente, não há inimputabilidade em nenhum dos casos.
Mas então onde mora o problema? Por que tudo isso acontece com tanta frequência? O problema aqui é o velho, e ainda tão presente, machismo estrutural. Homens que são criados por toda uma sociedade arcaica e retrógrada e levados a achar que têm direito sobre corpos vulneráveis.
Para o leitor ter uma ideia, o Brasil ocupa hoje a 5ª colocação no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Estamos atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.
Os númeors de casos de abuso sexual contra menores também assustam. Somente nos primeiros cinco meses deste ano foram registradas 4.486 denúncias de abusos sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil, segundo o balanço do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A estimativa é de que a cada hora, quatro crianças e adolescentes sofrem violência sexual no país.
O que aconteceu em Itatiba não são casos isolados, são sintomas de uma sociedade doente. A cura? Uma mudança, também estrutural, na educação e criação das próximas gerações. É possível? Gosto de acreditar que sim.
Por Lívia Martins/Itatiba Hoje – Foto: Reprodução